31.8.17

Nosedive, Crítica Black Mirror

Ontem assisti um episódio da Série Black Mirror, por recomendação do meu irmão, ele disse assim: -Assista este episódio e assisti. Vamos combinar assim vou postar uma crítica especializada que pesquisei depois volto e comento como eu vi este episódio. Combinado?
Por Lennon Costa

Todo mundo sabe que Black Mirror é uma série pra chocar o expectador mostrando o lado sombrio da tecnologia, e essa premiere conseguiu de uma forma incrível alertar sobre um tema bastante frequente nos dias de hoje.
Lacie (Bryce Dallas Howard) vive em um mundo onde as pessoas são avaliadas de acordo com tudo o que fazem, e quanto maior essa pontuação, mais privilégios a pessoa consegue em meio a sociedade. 
Se identificou com a trama? Então o episódio cumpriu seu papel. Afinal, mesmo quem não tem essas características, certamente conhece alguém que vive em prol das redes sociais, em torno de curtidas, de comentários. Quanto mais likes a pessoa tiver, mais valorizada ela é.
O episódio começa com planos abertos, trilha sonora leve, e uma protagonista sorridente. Logo a tecnologia nos é apresentada. É tipo um facebook da vida real, todas as ações das pessoas pudem ser avaliadas entre 1 e 5 estrelas, podem ser comentadas e tudo isso gera reputação naquele mundo. Acabam que as pessoas parecem robôs, Todo mundo simpático demais pra conseguir uma boa avaliação, e absolutamente todas as ações são baseadas em melhorar sua pontuação.
Tá, mas por que é importante ter pontuação elevada? Como eu falei mais acima. Quanto mais pontos a pessoa tiver, mais privilégios ela tem. Como por exemplo, a protagonista vai atrás de uma casa, mas o preço é alto demais, mas se tiver pontuação acima de 4.5 ganha 20% de desconto, mas ela só tem 4.2 e tem que traçar suas estratégias pra melhorar. Outros determinados lugares a pessoa só pode entrar se tiver determinada pontuação, e por aí vai.
Até que chega um convite pra Lacie ser dama de honra e discursar no casamento da Naomie (Alice Eve), amiga de infância dela. Seria esse o momento perfeito pra elevar sua pontuação com todos os convidados da festa, mas em Black Mirror a gente sempre sabe que alguma coisa vai dar muito errado.
As classes sociais são determinadas através do status, e há muito desprezo por quem tem pontuação baixa. Outra clara crítica fortíssima a nossa sociedade, que com certeza é o ponto mais forte do episódio. Como ele consegue prender, alertar e em alguns casos até fazer com que o público reflita determinadas atitudes.
Tecnicamente também nada fica a desejar, fotografia com planos abertos no início, mas no decorrer do episódio os planos vão fechando cada vez mais em closes, mostrando a transformação da protagonista. As cores em sua maioria são claras e leves, mas com o decorrer do episódio vão ficando mais fúnebres. A trilha sonora é ótima, e a mixagem de som é boa, porém irritante. Aquele barulhinho do aplicativo acaba ficando insuportável.
As atuações também são ótimas, a Bryce Dallas Howard tá impecável. É uma personagem estereotipada, mas de propósito. Tentando manter a simpatia exagerada em metade do episódio e depois passar pela transição muito bem feita pras cenas de perda de controle. Quem também tá bem é a Alice Eve e a Cherry Jones, que faz uma participação muito boa e é a responsável por um dos melhores diálogos do episódio. Os demais personagens fazem rápidas aparições.
O episódio acabou se esticando um pouquinho mais do que deveria em cenas que poderiam muito bem ser cortadas, algumas atitudes não fazem nenhum sentido na trama, mas ainda assim é um episódio interessante e reflexivo de ver. Um dos melhores da série.

Quando terminei de assisti falei para o meu irmão, esqueci o termo pra este tipo de arte, ele falou distopia, daí comentei você entende de arte não é irmão, ele disse assista o primeiro episódio, é nojento e repugnante mas é uma crítica a imprensa. Outro dia assistirei ao episódio do porco. Mas neste, é óbvio aqui a crítica a vida cult de redes sociais.
Mas não é somente crítica é constatação.
O episódio mostra uma moça mediana que quer comprar uma casa e para isto precisa de dinheiro? Não parece que a proposta é outra, na realidade distópica o 'dimdim' é o status da rede social unica onde todos estão inseridos. nota 5 (em estrelinhas) seria o máximo. Nota 0 em estrela, você é preso.
E vai a moça querer comprar a casa dela, para isto precisa de 4,5 mas a coitadinha tem miseras 4, 2 de nota.
Daí começa o drama fútil da moça. Você pode até pensar que é fútil, mas na realidade alternativa é questão de vida ou morte.
Você avalia e é avaliado o tempo todo. E todos buscam melhorar a sua avaliação no aplicativo que é até anexado no seu corpo, como uma realidade virtual que você pode acessar através de um aparelho óptico acoplado no seu olho.
E vai a nossa mocinha tentar melhorar a sua colocação, ela consulta um especialista e ele diz para a moça começar a frequentar pessoas de rank elevado, ou seja, a alta sociedade desta realidade by feiciana.
Só que não.
A moça começa a se atrapalhar e perder suas tão sonhadas estrelinhas, e observa como a sociedade trata os nãos ranqueados. E sofre as consequências de sair do padrão da futilidade que tal realidade oferece.
Lembra que comentei que o máximo é digamos 5 estrelas e seria as pessoas mais bem vistas nesta realidade.
A moça chega a tão terrível 0 estrela e vai presa.
Daí pra finalizar o episódio, sem final feliz, e sem uma solução para o problema. A mocinha acaba presa e extravasando todos os palavrões e má educação que guardou a vida toda, com outro que como ela se rebelou ao correto numa prisão cult que mais parece um hotel futurista.
Eu gostei do episódio, pois demonstra o instagram e o facebook de modo exorbitado, mas muitos e muitas vivem de modo parecido ao que é mostrado. E se é pra se auto retratar e imaginar-se naquela vidinha fútil, pois é eu também me enquadro dentro do mundinho desesperante pelas estrelinhas. Quem não postou uma foto, e desesperadamente esperou a primeira curtida, e ficou monitorando para ver quantas curtidas iria ter.
São as regras do jogo não é? E quando vemos estamos vivendo um faz de conta, editando pra mais da conta fotos, sempre sorrindo, e demonstrando através de selfies nosso dia perfeito.
Mas o só que não existe.
E é este que deve ser valorizado, ser nós mesmos, nem que isto seja chocante. Na realidade alternativa, destratar, chinguar ou estar de mal humor e descontar nos outros, trará graves consequências, te negativarão no aplicativo Vida por lá. E a falsidade reina num mundo onde a opinião é sempre uma. Pois opinar de modo a desagradar o outro poderá fazer a pessoinha ser mal avaliada.
Se eu fosse criterioso ao extremo iria ficar elencando erros, no episódio, mas achei um entretenimento interessante, e a solução para o problema? Seria esta a falta de estanque do episódio. Observei não haver, pois sempre surge um novo folego, com uma rede mais repaginada e interessante, ou seja, estamos inserido nesta teia, e o minimalismo fará que aos poucos, a tão temida marca da besta, esteja na sua rede social onde você não conseguirá viver sem ela.


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